Franklin Martins
Bahia Othon Palace
Salvador- Bahia
- No dia 30.08.2013 os Agente de
Tributos Estaduais da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia participaram de
forma marcante do Seminário O Papel do
ATE na SEFAZ do Futuro, promovido pelo SINDSEFAZ e realizado no Bahia Othon
Palace. O Blog S.O.S. ICMS marcou
presença no evento e traz – abaixo - a síntese
da palestra do jornalista e sociólogo Franklin
Martins, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula,
que falou sobre a “Conjuntura Econômica
e Política do Brasil”:
O palestrante começou avaliando o
Brasil dos últimos meses e a última mobilização social conhecida, inicialmente
como Movimento Passe Livre, que partiu de integrantes do seio da sociedade, sem
vínculos políticos, sem comando partidário. Inclusive com reação muito forte
contrária a inclusão de bandeiras e símbolos de agremiações políticas. O que muito
lhe causou espécie, pois acendeu a luz de alerta para o perigo de se excluir
dessa luta, este elemento importante da estrutura social moderna. Se na
democracia a participação do povo e de seu representante é crucial e se esta
participação se materializa, principalmente através do voto direto, como o povo
iria participar dos destinos de seu país excluído do jogo político – sem
representantes? Afinal, este jogo não deixaria de ser jogado só porque o povo
deixou de participar... A elite haveria de mandar e desmandar, só que sem a
participação popular... Já conhecemos esse espetáculo... Já vivenciamos essa
história recente...
E prosseguiu o palestrante: “Estaríamos vivendo um ponto de inflexão na
sociedade brasileira atual? Estaríamos assistindo uma guinada para a “direita”
ou seria o posicionamento de uma nova classe média, exigindo dos poderes
constituídos que as reformas estruturais finalmente aconteçam?” Dizendo em
alto e bom som, que já chega de improvisos. Para Franklin Martins, acertam
aqueles que acreditam na segunda vertente: os brasileiros amadureceram e se os
políticos os ignorarem, não respondendo ao alerta, não permanecerão por muito
tempo na nova política brasileira, afinal as
eleições já batem às portas.
Outra questão abordada foi a
situação de caos das grandes cidades. Antigamente muito se comentava sobre a
difícil realidade enfrentada pela população do interior do Brasil. Em regra,
sem infraestrutura, sem escolas de qualidade, sem hospitais, sem acesso a
grandes programas e políticas sociais dos governos... Hoje tem o “bolsa família”,
os programas de saúde, a merenda escolar, o “luz para todos”, dentre outros que
amenizam o sofrimento de quem mora no interior.
Por outro lado temos os grandes “bolsões de sofrimento” em que se tornaram as grandes cidades. Falta segurança, sobram violência e balas “perdidas”, falta mobilidade, sobram engarrafamentos, falta transporte público de massa de qualidade, sobram veículos particulares, falta iniciativa dos prefeitos, sobram greves de servidores e trabalhadores privados. Falta eficiência e ética na aplicação e fiscalização do dinheiro público, sobram desvio de verbas e impunidade, faltam leitos de hospitais...
Ora, deve-se destacar que em todas
as grandes cidades do mundo o transporte público de qualidade foi subsidiado
pelo Estado, e eles não encaravam como sendo dinheiro jogado fora, porque lá
isso significa qualidade de vida, como é, também, investir na educação, na
saúde, na infraestrutura, na segurança.
O que fez a oposição? Saiu em defesa
de novas bandeiras? Não, requentou o jantar: “menos Estado, menos gastos... Estado mínimo é a solução.....”
Na verdade a grande questão política
colocada pelos manifestantes brasileiros, nos movimentos de junho de 2013, foi
simples: o Sistema Político Brasileiro
está FALIDO, apesar de ser eficiente nas eleições majoritárias – para
prefeitos, governadores – é ineficiente quando se trata de eleições
proporcionais. Vota-se numa “coisa” para as Câmaras e Assembléias, mas quando
elas estão prontas e atuando, percebe-se que se criaram verdadeiros Monstros. E
o povo não tem o menor controle sobre eles, porque, no final, percebe-se que deputados, senadores e
vereadores são os verdadeiros donos de seus mandatos... E desafiou a platéia:
QUEM AQUI SE LEMBRA EM QUEM VOTOU NA ELEIÇÃO PROPORCIONAL
PASSADA?...
Poucos
levantaram as mãos...
Mas
o recado foi dado pelo povo: o país tem
que caminhar para frente e os eleitores não estão gostando de não terem
influência sobre as decisões políticas do país.
Após a revolta das ruas, todos
caíram nas pesquisas publicadas pelos institutos especializados. Não só a aprovação
da presidente Dilma, mas a aprovação de todos os políticos, enquanto classe social
gestora dos destinos da nação, sofreu um revés. Aliás, se alguém conseguiu
alguma vitória, foi exatamente a presidente, que, no calor da revolta, aprovou
no congresso a repartição dos Royalties do petróleo para educação e saúde, o
programa mais médico, a rejeição da PEC 37 que limitava o poder de investigação do MP – ler na
pagina 2 o artigo Políticos ignoram o
povo brasileiro.
Insisto
que o recado foi dado: o povo quer continuar com a política de desenvolvimento
de um Mercado Interno de Massa,
forte e poderoso, que permitiu ao país – e continuará a permitir - voltar a
crescer de forma prolongada e sustentável, enquanto o resto do mundo mergulhava
em uma grave crise econômico-financeira. Mas o pior mesmo, é ter que conviver com gente que pensa o contrário, que o país só será
bom se continuar a permitir que ele o seja, apenas para alguns, apenas para
poucos – desde que eles estejam
incluídos nestes “poucos”. Não há
satisfação em ver que os aeroportos estão cheios de “gente” – não interessa que
sejam de primeira viagem, que não saibam como abrir o bagageiro, que não saibam
pegar nos talheres. São “gente” que nas próximas viagens já se comportarão mais
familiarizados com a situação. E não é só, as faculdades estão mais “coloridas”.
Temos mais pardos e negros “como nunca
antes neste país...” – parafraseando o ex-presidente
Lula.
A oposição olha para isso e age como
se isso fosse um absurdo. Os pobres são pobres e tem seu lugar, é uma gente
preguiçosa, não gostam de trabalhar. Quando na verdade o que tinham de dizer é “como nós estávamos errados... o povo não
tinha acesso a esses tipos de produtos e serviços, por falta de oportunidades”.
É senhoras e senhores, o que tem que
ser feito é continuar com as mudanças. Insistir e sermos teimosos, pois só
assim o Brasil vai mudar: aos poucos, com movimentos lentos, porém
duradouros. Vejam o exemplo da eleição
do Operário, só se conseguiu depois de três eleições.
Não podemos aceitar retrocessos.
Precisamos, sim, de mais Estado, mas de mais
Estado EFICIENTE. E para isso temos
que deixar que a segunda parte das mudanças aconteça; É hora das REFORMAS (Política, tributária, educacional, processual
civil e penal, penal ...).
Então, voltando ao início da
oratória, Franklin Martins fechou a palestra chamando atenção de todos que o
movimento Passe Livre teve o importantíssimo papel de sacudir a turma – o
Governo e os políticos – para que eles acordem e recomecem a Governar voltados
para o atendimento das necessidades básicas de um povo que já está cansado de
assistir as bandalheiras passivamente. E o recado que foi dado ao Governo
Dilma, especificamente, é que saia da passividade e comece a defender-se dos
ataques da oposição que não teve, durante os oito anos de Governo Lula, e ainda
continua ser ter nada a apresentar.
Autor Convidado:
Edmilson Blohem
0 comentários :
Participe comentando. basta ter conta no Google.