A primeira reação aos movimentos
sociais partiu da titular do poder executivo federal, quando se pronunciou
favorável a um plebiscito sobre a reforma política. Mesmo que mal assessorada
ela tomou a iniciativa sobre a discussão do tema no cenário nacional e este foi
seu único mérito.
Logo depois das manifestações das
ruas, os aproveitadores de sempre se lançaram na mídia destacando a importância
de se definir uma “Agenda Positiva” para os trabalhos do Congresso Nacional, e
começaram a desenterrar uma série de projetos já “obsoletos” e, portanto, sem
ligação com as reais aspirações da sociedade brasileira atual – exceção única
foi à rejeição da PEC 37 que limitava o poder do Ministério Público. E foram
aprovando reformas em proveito próprio – de uma classe política que não pretende
entregar o poder aos verdadeiros titulares: o povo brasileiro.
Ontem foi aprovada no senado mais
uma pseudorreforma para a eleição dos próximos Senadores. Agora só será permitida
a eleição de um suplente por senador da república. Este deverá permanecer até o
fim do mandato, quando será substituído por um novo, eleito pelo povo. Vale
destacar que na terça-feira passada outra PEC – 37/2011 - com o mesmo teor foi
rejeitada pela casa, com a única diferença que o suplente deveria ser substituído,
em no máximo dois anos, por um novo senador eleito pelo povo.
A Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) aprovou a PEC 196 - PEC do Voto Aberto - mas não há previsão de
quando será votada pelo plenário. Há de se destacar que a PEC 349/2001 de
autoria do ex-deputado Luiz Antônio Fleury
é bem mais ampla e prevê voto aberto para todas as deliberações
do Congresso Nacional. Ela foi
aprovada em primeiro turno no plenário da Câmara em setembro de 2006, obtendo
383 votos favoráveis. Desde então, aguarda o segundo turno em plenário
da Câmara, mesmo já havendo na casa 22 requerimentos solicitando que a mesa
diretora a coloque em pauta para o segundo turno de votação - mais
um golpe nas pretensões de moralização política e modernização da sociedade
brasileira.
E não acabam por ai os desmandos
de uma classe política que no calor das manifestações das ruas insiste em
fechar os olhos, tapar os ouvidos e silenciar em palavras e ações para as
verdadeiras reformas estruturais que a sociedade brasileira exige que sejam implantadas.
Na semana passada foi a vez do “Ilustre”
presidente do senado federal, Renan Calheiros, ocupar os noticiários em rede
nacional e explicar seus “legítimos” motivos para utilização de uma aeronave da FAB, para levá-lo a um casamento em Porto Seguro e seu posterior retorno,
acompanhado de sua esposa. O presidente
do Senado justificou que foi convidado para o casamento como “chefe de poder” e,
por isso, não pretendia devolver o dinheiro gasto com o transporte,
como fez o presidente da câmara o deputado Henrique Eduardo Alves, também do
PMDB que depositou a pequena quantia de R$ 9.600,00 na conta do Tesouro
Nacional pela mesma prática de utilização de bens públicos em proveito próprio,
quando serviu-se de outra aeronave da FAB para levá-lo ao jogo da seleção
brasileira, no maracanã, com mais sete convidados – quem sabe teria ele pensado
tratar-se de mais um evento oficial...
Mas o último acontecimento sobre o tema em matéria de escândalos,
de desrespeito ao povo brasileiro e ao escárnio às manifestações de rua – 300.000
só no Rio de Janeiro - que exigem mudanças, foi titularizado pelo governador do
estado do Rio de Janeiro, o Ilmo. Sr. Sérgio
Cabral. Ele conseguiu realizar uma verdadeira “revolução” em sua vida e de seus
familiares no que diz respeito ao tema “MOBILIDADE URBANA”. Hoje ele é uma
pessoa mais feliz e menos estressada, pois se utiliza de pelo menos 02 novos helicópteros
para deslocar-se de sua residência para o trabalho – num trecho de menos de 10
Km – e em suas viagens aéreas, que incluem passeios até a casa da família em
Mangaratiba, no litoral Sul do Rio de Janeiro, conforme denuncia a reportagem
da revista VEJA: "Já
levamos para Mangaratiba cabeleireira, médico, prancha de surfe, amigos dos
filhos. Uma babá veio ao Rio pegar uma roupa que a primeira-dama tinha
esquecido. Uma empregada veio fazer compras no mercado. É o helicóptero da
alegria", diz um piloto.
O que
justificaria toda essa farra com o dinheiro público de norte a sul do país?
Neste caso, a justificativa alegada por todos é que são autoridades investidas
de “poderes públicos”, para o exercício da vida pública. E que não podem
separar o homem público de sua vida particular-familiar. Seriam homens públicos
24 horas por dia...
É,
cada um diz o que quer para justificar todo tipo de desmando, abuso de
autoridade, desvio de poder. Mas o certo é que a prática do favorecimento
ilegal, da lei do “Gerson”, do “sabe com quem está falando?”, ainda impera no
Brasil. E continuará imperando até que o povo brasileiro vá às ruas, vá às “casas
do povo” e verdadeiramente consigam destituir essa classe de vagabundos, de
aproveitadores do povo, de exploradores da mais valia dos trabalhadores. Do
dinheiro público arrecado em forma de tributos pela União, Estados e municípios,
sem limites e sem pudor, dos micros, pequenos e grandes empresários.
Mas
nem tudo está perdido. Há ainda neste meio, aqui e ali, exemplos de boas
práticas e de indícios da existência de ética política em meio a lama. Vá à
coluna “BRASIL” de nosso blog e
clique no tópico “Política”. Assista
até o final o “video” postado no
youtube e surpreenda-se com a manifestação indignada desta brasileira – vale a
pena.
Autor convidado: Edmilson Blohem.
Esclarecimentos:
Atenção: o Blog não está pedindo nada
além de que seja assistido o vídeo – não pede voto, nem indica partidos...
O
Decreto Presidencial nº 4.244/02 diz
que autoridades, podem viajar em aviões da FAB nas seguintes circunstâncias:
por motivo de segurança e emergência
médica; em viagens a serviço; e
em deslocamentos para o local de
residência permanente.
Edmilson, obrigado pelo seu primeiro texto postado no Blog. Sua linguagem é clara e objetiva e o tema é mais que atual. O desrespeito praticado pelos políticos brasileiros contra nosso povo vem de longa data, mas nova mesmo é a postura do cidadão que parece ter despertado para assumir o papel de condutor de seu próprio destino. Os políticos que aguardem as "CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS".
ResponderExcluir